O café (ou A descoberta de minha ansiedade)

Eu sempre digo pra mim mesma que café faz mal, mas isso nunca me impediu de saboreá-lo intensamente todas as manhãs, depois de cada refeição, no fim da tarde. Esta poderia ser uma mensagem-ode ao café, mas eu devo dizer que é mais uma percepção de mim.

Na verdade, tudo que escrevo é uma percepção de mim. Às vezes uso este espaço como meu diário, como uma forma de desabafar pra eu mesma. Fico me perguntando se alguém me lê. Será? Como são suas vozes?

Deixa pra lá; eu falava do café.

Cheguei a uma brilhantíssima conclusão hoje enquanto bebia uma xícara quente sentada no sofá, encarando um livro que não conseguia ler. Eu bebo café porque anseio a vida. Foi uma frase só que veio à minha mente, quase um surto de inspiração. Degustei a frase com o líquido preto que evaporava suave e aromatizava a sala.

Eu anseio a vida. Eu anseio pela vida. Não havia mentiras nisso. A cafeína parecia atiçar ainda mais tudo isso, me deixava agitada, chacoalhando as pernas impulsivamente, como um relógio acelerado cujo tempo foi perdido.

Por que tanta ansiedade? Será que não sei viver no presente? Ou é viver no presente justamente o que me cansa? Sinto que preciso de uma xícara de café para responder tudo isso. Anseio por resoluções como espero pelo futuro diferente. Não consegui abrir o livro, pois a impaciência me tomou, da mesma maneira que tomei toda a xícara em quase um gole.

Continuo a me alimentar de ansiedade; continuo sem saber do futuro; ainda estou insatisfeita com o presente. Acabou o café. Preciso ir comprar mais; não sei ir além disso.

Escrito por Sofia


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