Os nossos dias comuns

Eu acordei sem ideias, como se houvesse nada além de uma página em branco e nenhuma criatividade para preenchê-la. A minha vontade era permanecer na cama até que outro dia começasse.

Acabei me levantando e indo tomar café. Quando pensava no que faria depois, só sabia responder a mim mesma: não sei. É muito difícil esse sentimento, essa necessidade de ter todo um plano traçado, de ter todo segundo planejado. Eu vou fazer isso e depois aquilo e então chegarei em… Eu não sabia. Naquele dia eu não sabia.

Sentei, ainda usando pijamas, no sofá e encarei o sol que entrava estonteantemente na sala. Meu olhar se traduzia em pedido: eu queria que o universo me dissesse o que fazer. Naquela hora, meu gatinho, ainda filhote, miou e entrou no cômodo. Ele foi até mim, esfregou a cabeça em minhas pernas e depois foi embora. Era seu ato de amor costumeiro.

Fiquei sem entender nada, o universo não me respondia, minha página continuava em branco. Cedi às necessidades e obrigações e fui trabalhar. Tudo aconteceu como deveria, nenhum problema, foi um dia comum. Voltei em casa para encontrar a cena que deixara, mas agora a luz da lua que entrava tímida pela janela aberta.

Foi um dia comum, percebi enquanto ia me deitar. A página continuava em branco, o próximo dia ainda não se anunciava na minha cabeça, talvez só quando acordasse. Acho que às vezes precisamos desses dias em que nada acontece, em que a vida não é engolida por metas e planos. São dias comuns em que a vida simplesmente acontece perante a nós e assistimos curiosos, aguardando nossa vez. A mente descansa e o corpo se prepara para os dias extraordinários. Talvez amanhã?

Escrito por Sofia


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