A longa espera das sementes

Olho para as sementes de laranja jogadas na pia em frente a mim. O que vejo é potencial, é vida desperdiçada. Penso sobre mim, sobre a minha existência. O que sou eu senão algo que poderia ser?

Ali em cada uma das sete sementes existe a possibilidade de uma vida, de uma existência, de uma laranjeira que floresceria e brilharia sobre um e outro sol. Como se diante de mim houvesse a chance de viver, a chance de mudar e aprender.

Mas agora tudo está em um prato finito, um círculo de vidro que circunda sete pequenas possibilidades. É com pesar e esperança que me vejo naquelas sementes. Assim como elas, eu espero um destino, espero um salvamento, espero pela hora em que vou brotar e florescer.

Eu espero. A paciência é uma virtude que a natureza nos ensina a todo momento. É preciso tempo e cuidado para que a vida germine. É preciso resistir às tormentas e às grandes secas que nos atravessa. Eu resisto e eu espero.

Pego cada uma das sementes ali repousadas e resolvo plantá-las. Há um espaço na varanda, um vaso novo. A terra úmida recebe em si as possibilidades de um futuro. Eu recebo a esperança dos frutos de um amanhã ainda longe. Juntos, esperamos.

Escrito por Angelus


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